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Agricultura familiar une tradição e negócios

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A agricultura familiar brasileira é a oitava maior produtora de alimentos do mundo, sendo responsável por 23% do valor bruto da produção agropecuária e por 67% das ocupações no campo do país. Além de demonstrar a participação que este tipo de produção tem na economia do Brasil, os indicadores apontados pelo Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2023 também destacam o grande potencial de crescimento, caso políticas públicas voltadas para o segmento sejam adotadas de maneira mais consolidada.
A partir de dados baseados em pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o anuário foi elaborado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).+ Governo lança Plano Safra 2023/2024 em Belém+ Belém recebe feira itinerante de agricultura. Veja locais!
Segundo o documento, o Brasil reúne 3,9 milhões de estabelecimentos da agricultura familiar, sendo que a grande maioria deles, o equivalente a 46,6%, estão concentrados na Região Nordeste do país. O menor percentual fica com a Região Norte, que acolhe apenas 15,4% do total de estabelecimentos. Apesar disso, quando se analisa a situação do Estado do Pará, especificamente, se observa uma participação mais representativa do segmento.
De acordo com os dados do último Censo Agropecuário do IBGE, levantados pelo anuário da agricultura familiar, do total de 281.699 estabelecimentos agropecuários localizados no Estado do Pará, a grande maioria é da agricultura familiar, o equivalente a mais de 85%. Outro dado significativo é o que aponta que 86% dos estabelecimentos da agricultura familiar paraense não utilizam agrotóxicos, percentual maior do que a média nacional, onde 67% não utilizam.
A transição do cultivo para a produção orgânica se deu há cerca de 15 anos na família da agrônoma Laíse Mendes. Na plantação localizada no município de São Francisco do Pará, distante cerca de 100 km da capital paraense, ela, a mãe, a irmã e o esposo dão continuidade à tradição da família na agricultura familiar, cultivando hortaliças, verduras e algumas frutas.
“O meu pai sempre trabalhou com agricultura e como o meu tio é agrônomo, há muitos anos nós fizemos a transição para a produção orgânica. Depois eu e o meu esposo também nos formamos em agronomia pensando justamente em dar continuidade a esse trabalho da família”, conta Laíse, ao explicar que parte da produção é utilizada para o próprio consumo da família e o excedente é comercializado em feiras especializadas em produtos orgânicos. “Nós temos galinha caipira, produzimos alface, couve, cheiro-verde, salsa, jambu, cebola, abóbora, limão galego e limão cravo, banana, pimentinha e tem aqueles cultivos que são de época como a pupunha, o coco”.
Para dar vazão a essa diversidade de produção, Laíse e o esposo se deslocam até Belém toda semana para participar das feiras fixas da cidade, às quartas-feiras estão na Praça Brasil e aos sábados na Praça Batista Campos. Quando demandados, também promovem feiras em condomínios e empresas. “Nós também começamos a fazer delivery, fechamos parceria com uma pessoa que faz moto Uber. Os clientes fazem os pedidos um dia antes e mandamos entregar. Hoje a demanda pelos orgânicos está crescendo bastante”.
O maior interesse da população por cultivos orgânicos oriundos da agricultura familiar também é percebido pela agricultora Rosineia Neves Mateus. Moradora do município de Santo Antônio do Tauá, desde 2003 ela e a família atuam na produção orgânica. “Esse trabalho com a agricultura já vem desde família. Nós pegamos o pique com os meus pais e começamos a cultivar também. Foi uma maneira da gente permanecer na nossa cidade, se não a gente teria que vir para Belém para tentar um emprego”, lembra. “Nós trabalhamos com praticamente tudo de hortaliças e também com banana, macaxeira, batata doce e a gente não usa nenhum agrotóxico. É bom pra gente que produz e se alimenta dessa produção, e é bom para os clientes também”.
Além da sua própria horta, Rosineia conta que reúne as produções de outros núcleos da sua família para fazer a comercialização nas feiras de orgânicos de Belém. Com isso, boa parte da família garante a sua renda da produção que cultivam em suas próprias propriedades. “São quatro produtores, no total. Somos da mesma família, irmãos, cunhados, sobrinha, mas cada um tem a sua produção”.
A associação é a maneira encontrada por boa parte dos agricultores familiares para conseguir escoar a sua produção, sobretudo quando decidem se deslocar para a capital em busca dos clientes. O produtor Euclidiano Souza Cruz conta que, apesar de não ter vivido essa época, no passado os produtores se deslocavam individualmente para Belém para tentar comercializar os seus produtos, e por muitas vezes enfrentavam dificuldades por não possuírem um local destinado à venda. Tudo melhorou quando eles decidiram se associar e conseguiram autorização para promover as feiras que hoje ocorrem duas vezes na semana. “Foi uma luta para que conseguissem que cedessem esse espaço para os produtores. Começou com a feira uma vez por mês, depois começaram a fazer de 15 em 15 dias, depois uma vez por semana e hoje são dois dias fixos na semana”, conta. “Isso aconteceu também pelo aumento da demanda. As pessoas passaram a procurar mais os produtos”.

Fonte: DOL – Diário Online – Portal de NotÍcias 

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