Conecte-se conosco

Esportes

Remo e Paysandu são os principais candidatos no Pará a virarem SAFs, aponta especialista

Publicado

Até onde o futebol paraense pode chegar? Dependendo da resposta dessa pergunta, a solução pode ser simples: SAF. De acordo com especialistas, o futuro do futebol brasileiro pode estar na nova lei que regulamenta clubes-empresas no país. O novo código, além de estipular obrigações entre agremiação e investidores, oferece um ambiente propício para que clubes tradicionais possam se estruturar financeiramente e voltar a brigar no topo do futebol nacional.

Quem conversou com o Núcleo de Esportes de O Liberal sobre o assunto foi o advogado Rodrigo Monteiro de Castro, autor intelectual da Lei de SAFs no Brasil. Segundo ele, o Pará é um estado com ambiente propício para a criação de um clube-empresa. Nesse sentido, Remo e Paysandu, equipes com muita torcida e tradição, despontam como principais candidatos à transição.

Rodrigo Monteiro de Castro debate o cenário de SAFs no Pará (Cláudio Pinheiro/ O Liberal)

O Liberal: O que a lei da SAF tem diferente da antiga lei de clubes-empresas no Brasil?

Advertisement
📢 Quer ficar por dentro das últimas notícias em primeira mão? Não perca tempo! Junte-se ao nosso canal no WhatsApp e esteja sempre informado. Clique no link abaixo para se inscrever agora mesmo:

Rodrigo Monteiro de Castro: A primeira iniciativa que temos nesse sentido no Brasil é com a Lei Zico e depois com a Lei Pelé. O que a lei do clube-empresa dizia: um clube pode virar empresa. Tão somente isso. O que a SAF faz e muda em relação ao que já tinha? Virar empresa não é somente a solução, mas um empresário precisa encontrar um ambiente propício pra isso, como financiamento, governança, controle, tributação e organização do passivo. A lei da SAF diz que existe um tipo de empresa que tem uma regra própria. Ou seja, clube, torcedor e investidor vão saber como isso tudo funciona. Antes, na lei do clube-empresa não. Além disso, a lei da SAF oferece todos os instrumentos pra criação de um ambiente de viabilização. Imagina que um leãozinho nasce em cativeiro. Quando ele é solto na natureza ele não tem condições de sobreviver, porque ele não sabe. A lei do clube-empresa é quase isso, apenas diz que as agremiações podem virar empresa, mas não dá instrumentos pra que ela sobreviva nesse ambiente hostil, que é o mercado. Agora, com a lei da SAF, esse leãozinho vai para a natureza com um habitat de transição, com formas e meios para que ele se desenvolva e se torne um leão forte. Em outras palavras, a lei da SAF é um instrumento para que o clube entenda como ele vai sobreviver num ambiente hostil e ser sustentável num contexto competitivo.

OL: O Brasil usou como parâmetros outras legislações para criar a lei das SAFs ou elaborou um código próprio sobre o assunto?

RMC: Eu fui estudar o que tinha ocorrido no Brasil desde a constituição de mais 25 países. Todo país tem a solução para o seu problema e a sua realidade, então a lei brasileira é feita para o Brasil. Ela entende a dimensão do mercado do futebol, que é um dos maiores do planeta. Existem 150 milhões de pessoas que acompanham o futebol só no Brasil, existem mais de 20 times no país com 1 milhão de torcedores, temos o campeonato mais competitivo do mundo e a partir daí olhamos para o sistema do Brasil e opções foram dadas. Estudamos profundamente outras 25 legislações, mas adaptamos tudo a nossa realidade.

OL: O que torna o futebol brasileiro mais atrativo do que o resto do mundo para que um empresário invista numa SAF no país?

Advertisement
📢 Quer ficar por dentro das últimas notícias em primeira mão? Não perca tempo! Junte-se ao nosso canal no WhatsApp e esteja sempre informado. Clique no link abaixo para se inscrever agora mesmo:

RMC: Futebol é a maior atividade de entretenimento do planeta. Mais de 5 bilhões de pessoas acompanham o esporte no mundo. Os times globais não se restringem aos seus países, mas o Brasil tem um mercado fechado, já que os times daqui não tem torcedores internacionais. Então, ainda estamos restritos a um mercado de 150 milhões de pessoas. Além disso, 11% de todas as negociações de jogadores no mundo envolvem brasileiro, isso é um número muito grande. A gente também tem um campeonato com muito mais competitividade, somos o maior ganhador de copas e um mercado inteiro a se formar. Nenhum país no mundo fez o que o Brasil está fazendo. A Espanha resolveu um problema, a Inglaterra outro, a França mais um, mas essa ideia de criar um ambiente em que torcedores, investidores e clubes saibam como vai funcionar, não existe. Oferecemos perspectiva, produtos e um mercado regulado. Aqui temos muitos times grandes. Além dos 13 tradicionais, podemos somar Fortaleza, Athletico, Bragantino e, porque não, Remo e Paysandu, que têm torcida e poder econômico da região. Teve ano que o Remo teve a maior média de público de todo o Brasileirão. Neste ano, mesmo na Série C, está entre as 20 maiores do Brasil. Portanto, o Pará, que cumpre um papel importante dentro da Federação, é visto como um Eldorado pro mercado. O resto do país vai acordar pra isso, pra torcidas fanáticas, possibilidade de desenvolvimento.

OL: O que um clube precisa ter para virar SAF? Apenas clubes falidos podem realizar esta transição?

RMC: A realidade dos clubes eficientes é exceção. Isso ocorre só quando existe uma pessoa que vira meio “dona” do clube, durante anos, e impõe sua maneira de gestão, como o Atlhetico-PR. A maioria dos clubes vivem em dificuldade e não conseguem competir no mercado. Qual clube pode virar SAF? Qualquer um. Claro que não vamos transformar um time de uma cidade pequena num Flamengo, mas você alçar ele até o ponto de potência regional. A transformação em SAF depende da ambição de cada time. Se querem viver nesse mundo de Série C e D, tudo bem. Agora se querem dar um passo maior, eles não vão avançar usando essa forma associativa. De todos os times importantes do planeta, só dois são clubes – Barcelona e Real Madrid.

OL: O que é necessário para que o Pará tenha uma SAF em breve? Remo e Paysandu despontam como principais candidatos à mudança?

Advertisement
📢 Quer ficar por dentro das últimas notícias em primeira mão? Não perca tempo! Junte-se ao nosso canal no WhatsApp e esteja sempre informado. Clique no link abaixo para se inscrever agora mesmo:

RMC: Eu sou apaixonado pelo Pará. O estado tem um potencial em todos os segmentos e conseguiu se firmar como um lugar de torcidas apaixonadas e tradicionais. Ao contrário do que ocorre muito no Nordeste, quando uma pessoa torce pro time do estado e pra um de fora, aqui torcedores de Remo e Paysandu apoiam muito os clubes locais. Novamente olhando pro futebol do Nordeste, que tem meios de comparação com o do Norte, vemos que algumas equipes com pequenos arranjos conseguiram alcançar espaços que Remo e Paysandu ainda não chegaram. Quem tem que dar a resposta de ‘até onde o futebol do Pará pode chegar' são os torcedores. Eles querem um clube que só dispute o campeonato paraense com seu principal rival, ou querem colocar o time num outro patamar? Se você tiver recursos e estrutura, você compete na Série A e, eventualmente, ganha um título nacional. Isso tudo depende da relação entre dirigente e torcedor. Se a ideia for abandonar esse projeto pouco ambicioso, a SAF é um caminho. Será que os torcedores querem só gritar uma vez por ano ‘é campeão paraense' ou querem vibrar numa sintonia nacional?

Fonte: Esporte – OLiberal.com 

Deixe seu comentário

Facebook

Redes Socias

"

Últimas Notícias

Cultura2 dias ago

Prefeitura de Belém inaugura imagem gigante de Nossa Senhora de Nazaré no Portal da Amazônia

A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), inaugurou nesta quinta-feira, 10, uma imagem tridimensional (3D)...

Pará2 meses ago

Milhares de Fiéis Participam da Marcha Para Jesus em Ananindeua

Neste sábado (24), a cidade de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, foi palco da Marcha Para Jesus, considerada o...

Esportes2 meses ago

Motocross, Música e Emoção: O Julho Memorável de Portel no Marajó

Portel, no Marajó, viveu um julho inesquecível com uma programação cultural e esportiva intensa, atraindo milhares de pessoas. O ponto...

Notícias4 meses ago

Hospital Regional de Marabá Oferece Atendimento Especializado para Gestantes de Alto Risco

Deiglaine Gomes Vieira, de 28 anos, residente em Nova Ipixuna, está grávida de oito meses e, devido à hipertensão e...

Destaque4 meses ago

Governo do Pará Declara Utilidade Pública para Desapropriação em Belém

O Governo do Estado do Pará anunciou a declaração de utilidade pública para fins de desapropriação de imóveis localizados na...

Destaque4 meses ago

Governador do Pará e Líderes Judiciais Firmam Acordo para Combater Violência contra Mulheres no Marajó

Em uma sessão histórica realizada no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o governador do Pará, Helder Barbalho, uniu forças com...

Destaque4 meses ago

Pará Registra Queda de 29% nos Alertas de Desmatamento em Maio e Obtém Maior Redução da Amazônia Legal

O estado do Pará continua a avançar de maneira significativa na luta contra o desmatamento. Em maio de 2024, o...

Destaque