Esportes
Projeto Social em agrovilas do Pará busca talentos e parcerias com Palmeiras, Remo, Paysandu e Tuna
O futebol é uma das grandes paixões do brasileiro e um dos esportes mais democráticos e qualquer pessoa pode praticar. Também é esperança para muitas crianças e adolescentes pobres que o consideram uma grande oportunidade de ascensão social e uma forma de ajudar financeiramente sua família. E esta é a realidade de cerca de 106 meninos e meninas, com idade entre 8 e 23 anos, moradores da agrovila Castelo Branco, zona rural de Castanhal, nordeste do estado, que fica a cerca de 25 quilômetros da sede do município.
Há dois meses, duas vezes na semana eles se reúnem no campinho da localidade para participarem da preparação física e dos treinos. O trabalho faz parte do projeto “Bom de bola, Bom de escola”, desenvolvido desde 2008 pelo Instituto Esportivo Agrícola Social Verde é Vida, sediado em São Domingos do Capim e que tem a frente o radialista Nilton César Ribeiro.
“Um dos objetivos do projeto é descobrir talentos. Vamos promover torneios entre os meninos de outras agrovilas onde temos polo do projeto e, durante as competições, vamos trazer o representante da capacitação das divisões de base do Palmeiras, o Sérgio Passarinho, para quem sabe escolher e levar um dos nossos atletas para ter uma oportunidade”, explicou.
E esta tal oportunidade tem gerado grandes expectativas nos meninos que precisam não só provar que são bons de bola, mas, principalmente, bons de notas escolares.
“O nosso foco acima de tudo é a disciplina. Ele deve ser bom de escola para ser bom de bola. O aluno tem que ter boa média para permanecer no projeto e por isso que estamos em parceria com a diretora da escola, que fará esse controle”, explicou Nilton César Ribeiro.
Antônio Sérgio Gonzaga de Jesus, o “Sérgio Passarinho” é ex-jogador de futebol, já trabalhou como treinador e hoje atua como observador técnico do Centro de Formação de Atletas do Palmeiras. Desde 2021 ele reside em Maceió, capital de Alagoas, para monitorar jovens com potencial no Nordeste. Após contato com Nilson César, ele se comprometeu a visitar o trabalho do Bom de Bola, Bom de Escola em agosto, para conhecer os atletas em formação e observar possíveis talentos.
Além do observador do Palmeiras, os meninos também irão ter a oportunidade de serem avaliados por Clube do Remo, Paysandu e Tuna Lusa. O torneio terá início na primeira semana de julho.
O começo do sonho
“Estou batalhando desde os sete anos de idade”, disse com firmeza Wesley de Oliveira Alves, de 13 anos, que começou ainda pequeno a jogar bola, assim como quase todos eles, com o seu Carlos Braga, de 60 anos e que é coordenador técnico do polo Castelo Branco.
“No ano de 2011 eu comecei a trabalhar com as crianças. Eu via que elas não tinham lazer e que os pais saiam para se divertir e jogar bola, mas os filhos não tinham a mesma oportunidade. Então passei a reunir eles no campinho e desenvolver esse trabalho até que chegou o projeto por aqui. Meu sonho é mostrar o futebol de cada um para os times do Pará e lá de fora, e que um time desses possa levar um daqui. Será uma realização e o cumprimento de um trabalho que faço com muito carinho”, contou.
José Gustavo Lopes Veiga, de 14 anos, não vê a hora de colocar em prática tudo que vem aprendendo a jogar no simples campinho da agrovila. Com a aproximação do torneio aumenta a ansiedade.
“Treino desde os sete anos com o seu Carlos e, além disso, as minhas notas estão boas. Gosto muito de jogar bola e meu sonho é chegar na categoria de base de algum time que venha a me escolher, e depois subir para o profissional. Então esta é uma grande oportunidade que eu não posso perder, a de sair daqui”, disse o jovem.
Mãe e filho correndo atrás da bola
Soraya Nascimento da Silva, de 30 anos, é a mais velha do time de sonhadores. A doceira é mãe do Antônio da Silva, de 12 anos. Os dois fazem parte do Bom de bola, Bom de escola.
“Fui na reunião da escola, onde foi explicado como tudo seria e eles perguntam quais as estudantes que queriam participar. Eu tive a coragem de levantar a mão mesmo não sendo estudante e disse que eu sabia jogar bola. Acredito que foi um projeto mandado por Deus, porque nunca tinha aparecido nada para gente aqui e eu sou apaixonada por futebol, assim como meu filho, que agora sonha em ser escolhido e sair daqui do Pará para jogar lá fora”, explicou a jogadora.
“É bom ter a minha mãe no projeto, me apoiando e incentivando. Quem sabe nós não podemos sair daqui [juntos]”, salientou Antônio da Silva.
Fonte: Esporte – OLiberal.com
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