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Histórias sobre fantasmas do Paes de Carvalho viram livro
– O professor fechou os olhos e respirou profundamente na esperança de que, ao reabri-los, não voltasse a ver o que viu numa carteira dos fundos da sala 11.
O Liceu Paraense, hoje Colégio Paes de Carvalho, foi inaugurado em 1841. Quarenta e sete anos depois, a princesa Isabel assinava a Lei Áurea, decretando, em tese, o fim da escravatura no Brasil. Isso significa dizer que a construção do prédio pode ter usado, sim, a mão de obra escrava. Infelizmente, dor, lamentos e mortes fizeram parte da feitura dessa grande obra da educação no Pará.
No final da manhã de um sábado de 1995, um escravo negro, alto e revestido de roupa empoeirada, decidiu reaparecer na sala que, 95 talvez, ajudou a construir. Foi o que o professor viu, de sua mesa, de repente, ao levantar a cabeça e olhar para o fundo.
O mestre conta que estava sozinho em sala, concluindo uma atividade pedagógica, depois de ter ministrado aula. Corajoso. Lembra que, de repente, se sentiu sendo observado.
O mestre, diante da desconfiança, diz ter levantado a cabeça. Ele estava lá no fundo da sala. Um escravo típico dos livros de história: beiçudo, roupa surrada, suja. “Eu sabia que era um fantasma. Ele estava me olhando com angústia, com os braços estendidos sobre a carteira, como se fosse um aluno”, descreveu.
O medo tomou conta do professor. Disse que pensou em se levantar e sair correndo da sala, mas não conseguiu se mexer da cadeira. “Eu parei de olhar para ele. Baixei minha cabeça, fechei meus olhos e mergulhei numa atitude de medo e sofrimento. Eu queria sair dali, mas não conseguia me movimentar. Então silenciei”.
O mestre revelou que se ouvisse passos em sua direção… “Eu morreria ali mesmo! Silenciei e pedi que aquilo não fosse real, que nada de mau acontecesse comigo…”, relatou.
Depois de uns minutos, o professor, paralisado à mesa, abriu seus olhos e viu que ninguém mais o acompanhava. “Eu respirei. Vi que agora podia me locomover. Levantei e saí às pressas”, contou.
O mestre lembra que terminou aquela manhã num dos bancos da Igrejinha de São João, onde se abrigou do medo e rezou pela alma do escravo.Este relato faz parte do livro Fantasmas do Casarão, do professor Josué Costa, e foi contada por um professor do Colégio Estadual Paes de Carvalho. A obra será lançada no final de outubro e reúne 40 histórias de profissionais e servidores do Colégio Estadual Paes de Carvalho (CEPC)
Localizado no centro comercial de Belém, o colégio tem 176 anos de história. Foi inaugurado em 1841 e muitas pessoas já passaram por lá, Milhares de alunos foram formados e possui muitas histórias guardadas e compartilhadas entre funcionários e pessoas que circulam por lá.
Muitas dessas histórias, envolvem seres que não fazem mais parte desse plano, os famosos fantasmas, assombrações ou para os paraenses, visagens. CONTEÚDO RELACIONADO Sexta-feira 13: entenda a origem da superstição com a data3 da manhã. O que acontece na chamada hora morta? Entenda!
Pensando nisso, o professor de filosofia do CEPC, Josué Costa, reuniu 40 histórias de profissionais que já vivenciaram algum tipo de manifestação sobrenatural no colégio ao longo dos anos no livro.
“Eu gostaria de ter vivenciado essa experiência, com o mistério, assombração. Infelizmente nunca tive esse privilégio. Mas eu me emocionei e acredito plenamente em tudo o que eu ouvi. São 40 narrativas, todas vividas por alguém”, desta o professor
Josué foi movido pela curiosidade de saber mais sobre as histórias. Tudo começou quando ele viu que alguns profissionais da limpeza do prédio não iam a alguns lugares sozinha por conta das manifestações sobrenaturais que havia nos locais. Com isso, o professor passou a ouvir mais histórias e passou a colocá-las no papel. Quer mais conteúdos sobre livros? Acesse o nosso canal no WhatsApp!
“Isso me chamou atenção. Comecei a ouvi-las, a ideia foi se propagando e de repente já tinha muita gente me contando suas histórias. 40 é um número bem razoável, perto daquilo que eu ouvi. [No início], eu ouvia, escrevia os texto e publicava nos grupos da escola e isso foi ganhando força e abraçamos a ideia de escrever o livro”
Com uma narrativa que visa provocar emoções e não medo, o livro tem um linguagem simples, divertida e acessível a todos os públicos.
“O objetivo da obra não é causar medo. A narrativa vem para entreter, para alimentar esse gosto, esse interesse em comum que muitas pessoas têm pelo conhecimento do mistério”, destaca Josué Costa.
Pré-venda
O livro Fantasmas do Casarão está na fase final de edição, na editora Dalcídio Jurandir, e deve ser lançado no final de outubro. A obra está na pré-venda, no valor de R$ 25.
Fonte: DOL – Diário Online – Portal de NotÍcias
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