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Golpes pelo WhatsApp: confira como se prevenir e o que fazer para denunciar

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Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (Segup), de janeiro a julho deste ano, o Pará já contabilizou 428 crimes de clonagem de redes sociais, incluindo WhatsApp, no estado. O número já corresponde a 88% do total de ocorrências feitas, no período de janeiro a dezembro do ano passado, quando foram registrados 484 casos. No ano de 2021, a secretaria teve conhecimento de 96 crimes. “O estado por meio da Polícia Civil realiza o combate desta prática com a Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos (DECCC), que investiga casos dessa natureza que aconteçam por meio virtual, além disso, há investigações para prender grupos que atuam nesta esfera criminal”, assegura a Segup.

Não é difícil encontrar pessoas que já tenham sido vítimas – ou conheçam alguém que tenha – de golpes pelo WhatsApp. O aplicativo se tornou um dos mais utilizados no mundo e é facilmente encontrado nos celulares brasileiros. A todo instante, golpistas estão inovando suas técnicas criminosas para fazer, cada vez mais, vítimas e extrair delas principalmente quantias em dinheiro e dados pessoais.​

Outros dados

Estimativa da Mobile Time e Opinion Box aponta que 43% dos usuários do país já passaram por alguma tentativa de fraude dentro do App. Outro levantamento, desta vez feito pela empresa de segurança digital PSafe, mostra que em média 15 mil pessoas são vítimas de golpes pelo WhatsApp diariamente no Brasil. Para a advogada criminalista Juliana Salame, 30, muitas pessoas ainda caem nesses golpes pela falta de informação adequada ou até pela falta de cautela, ao receberem as mensagens falsas e links, de checarem se o que está sendo dito ali é verdade, antes de tomar qualquer atitude.

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Vítima

No final do mês passado, uma jovem de 28 anos, que não será identificada nesta matéria por questões de segurança, se viu em uma situação de golpe. Ela tentou denunciar o caso, por meio de boletim de ocorrência na Delegacia Virtual, da Polícia Civil do Pará, mas não teve sucesso. A jovem relembra que estava do lado da mãe dela, quando alguém se passava por ela utilizando outro número de WhatsApp, com foto antiga no perfil, possivelmente extraída do Facebook da vítima.

“Ocorreu com minha mãe, eu estava do lado dela e ela recebeu uma mensagem com minha foto, porém não era meu número”, conta. Na mensagem, o golpista dizia que precisava fazer um pagamento via PIX, mas já havia excedido o limite diário de transferências. A quantia exigida era de R$ 987. “Não tivemos prejuízos financeiros, pois como eu estava do lado da minha mãe, logo identificamos que era uma farsa”, explica.

A vítima conta ainda que alimentou conversa com o golpista, até ele desistir da investida. Logo depois, a foto do perfil do suspeito foi trocada para a imagem de outra mulher. Possivelmente, outra família seria vítima logo na sequência. Questionada se acessou links desconhecidos recentemente, a vítima responde que não. A jovem não acredita que o criminoso seja uma pessoa próxima, mas de alguma forma conseguiu informações sobre ela.

Evolução dos golpes

A advogada criminalista Juliana Salame explica que a internet e a tecnologia possibilitaram a evolução dos golpes virtuais. “Hoje, o celular é uma parte do nosso corpo e a internet é uma ferramenta muito utilizada. A maior parte dos nossos negócios e ferramentas estão na internet. Então, os golpes migraram para o ambiente virtual pela facilidade na obtenção ilícita de lucros e dados pessoais, o que faz com que nossas ações no meio virtual necessitem de um cuidado redobrado”, alerta.

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Advogada Juliana Salame (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

Existem vários golpes que são aplicados por meio do WhatsApp e muitos não são novos, como os chamados “phishing”. Nele, os golpistas tentam obter informações confidenciais como senhas, números de cartões de crédito, informações bancárias e outros dados pessoais fingindo ser uma entidade confiável, como uma instituição financeira, por exemplo. “Por isso, reforça-se sempre a importância do excesso de cautela e nunca fazer uma transferência bancária a desconhecidos antes de checar a real situação”, recomenda a criminalista.

De acordo com a advogada Juliana Salame, há também os casos em que são enviadas mensagens falsas oferecendo promoções, sorteios e propostas de emprego, em que a vítima, ao ficar interessada, clica em um link ou é redirecionada para sites duvidosos, bem como pode ser solicitado pelo golpista o código de acesso ao WhatsApp. “Todas essas situações abrem as portas para que o golpe seja concretizado e, a partir daí, seus dados pessoais sejam obtidos e até mesmo seu WhatsApp seja clonado, oportunidade em que o golpista tem acesso à sua lista de contatos, a quem normalmente solicita dinheiro”, detalha a advogada criminalista.

“O clique em links desconhecidos é uma forma bastante comum, mas não a única. Algumas vezes, o simples redirecionamento a sites duvidosos já permite com que o golpista tenha acesso aos seus dados pessoais. Ou, pode ser também que eles solicitem à vítima um código de acesso do WhatsApp e, ao ser fornecido, permite que o golpista habilite a conta em outro celular”, comenta Juliana. Ainda segundo ela, outra modalidade muito comum e atual é a utilização de contas falsas de WhatsApp. “O golpista cria um número novo e registra como se fosse a vítima, copiando seu nome, foto de perfil e status. Depois, entra em contato com familiares e amigos, afirmando ter ‘trocado de número’ e pedindo dinheiro emprestado para alguma situação de urgência”, alerta.

Cuidados

Juliana reforça que, na era digital, os cuidados devem ser redobrados. “Não repassar informações pessoais para quem quer que seja, nunca clicar em links suspeitos, verificar bem a descrição do link, conferir a página oficial da empresa ou entidade que está lhe oferecendo uma oferta ou promoção e verificar se a suposta pessoa que está lhe pedindo dinheiro não foi clonada, antes de transferir”, orienta.

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Golpes podem configurar crimes de estelionato, afirma delegada

“Hoje, os principais registros que nós temos é o crime de estelionato, mas também temos alguns casos de furto mediante fraude. O estelionato não é um crime de menor potencial ofensivo, mas é necessário que a vítima registre a ocorrência, para que a polícia possa iniciar a investigação. É preciso que a vítima compareça na delegacia para que a gente comece a investigar, sem isso a gente não pode”, explica a delegada Vanessa Lee, titular da Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos (DECCC).

Delegada Vanessa Lee (Foto: Cristino Martins | O Liberal)

Vanessa alerta ainda que, além do estelionato, os casos observados podem configurar até associação criminosa. Isso porque a Polícia Civil vem observando, ao longo de suas ações, que as pessoas que “emprestam” contas bancárias para os golpistas receberem quantias em dinheiro participam, sim, diretamente dos crimes. “Hoje, durante nossas investigações, nós estamos verificando que todas essas pessoas estão, sim, participando do crime. A maioria delas está ali como coautoria ou como coparticipe. Então, elas vão responder por estelionato, associação criminosa… Existem algumas situações em que o criminoso utiliza de má fé o nome de familiares, criam uma história e utilizam o nome de familiares, principalmente mãe e irmãos, e acabam prejudicando até aquela pessoa, que muitas vezes é chamada na polícia para explicar isso. Mas hoje pela experiência, das nossas operações, investigações e indiciamentos, essas pessoas que estão entregando a sua conta, estão participando ativamente do crime”, aponta.

“É importante que as pessoas registrem, porque a gente começa a perceber algo incomum, isso demonstra o comportamento diferenciado deste criminoso e, através da colheita de informações, nós montamos as investigações para impedir aquilo, principalmente nos casos em que ocorrem o resgate do chip da vítima pelo criminoso. Por mais que a pessoa não queira registrar a ocorrência, porque acha que não vai dar em nada, que foram poucas transferências, é importante que faça até na Delegacia Virtual, na presencial, no Disque-Denúncia (181), no aplicativo Iara. Todas as informações serão muito relevantes para a gente fazer uma análise e iniciar as operações”, orienta a delegada.

De acordo com a titular da DECCC, para a pessoa registrar o boletim de ocorrência, é importante fornecer o número do telefone, modelo, número do IMEI. “Se ocorreram transferências, mesmo que seja a tentativa, é importante que informe a chave PIX e, se fizer a transferência, tenha o comprovante da transferência. Realizar prints. Quando a vítima apresenta este print, junto com outros elementos informativos, isso reforça a culpabilidade e ajuda a encontrar a autoria daquele crime”, complementa.

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Fonte: Polícia – OLiberal.com 

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