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Brigue Palhaço: 200 anos do massacre no Pará
Resgatar a memória e a verdade são alguns dos objetivos do evento “A quebra do silêncio e a violação dos direitos humanos: 200 anos do Massacre do Brigue Palhaço no Pará”, que iniciou ontem (17) no Museu do Estado do Pará (MEP), em Belém. O evento marca os 200 anos do episódio ocorrido no período imperial, que ficou conhecido como massacre do Brigue Palhaço. A iniciativa é da Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult).
Os titulares das pastas participaram da abertura do evento, sendo respectivamente o secretário Jarbas Vasconcelos e a secretária Úrsula Vidal. Na ocasião, a professora Dra. do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia (PPHIST) da UFPA e diretora do Centro de Memória da Amazônia, Magda Ricci, apresentou uma palestra promovendo um resgate histórico sobre o tema.Para a Magda Ricci, é possível reescrever esse episódio de outras formas, a partir da análise de novos documentos e fatos históricos. “São documentos que sobraram, em geral, escritos por letrados. Indígenas e negros praticamente não deixaram documentos. Porém, eles foram presos, torturados e mortos, especialmente, nesse episódio do Brigue Palhaço. E os processos, os depoimentos e as testemunhas são aspectos fundamentais para entendermos e contar essa história”, informa.Conteúdos relacionados:Imprudências marcam trânsito na Augusto MontenegroHomem é preso após engravidar criança de 11 anos no ParáEstudo deve avaliar emergência da seca no Pará
Além de resgatar aspectos importantes do trágico episódio, a ideia é sobretudo reescrever a história para que essas populações tenham seus direitos assegurados na sociedade atual, mas com a participação efetiva delas neste processo de construção, conforme ressaltou a professora.“Cada momento gerou uma história diferente sobre o que aconteceu. A independência de hoje é inclusiva. Vamos ter uma COP. Estamos numa transição energética. O que essas populações que foram massacradas, como indígenas, quilombolas, têm a nos oferecer para manter não apenas de pé a floresta, mas uma solução para a produção de embalagens e, ao mesmo tempo, fazer essa transição energética para sermos independentes verdadeiramente”, declara.Quer ler mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no Whatsapp HISTÓRIADe acordo com a secretária adjunta da SEIRDH e historiadora, Edilza Fontes, o “Brigue Palhaço” foi um massacre que aconteceu em outubro de 1823. No dia 12 de outubro daquele ano foi comemorado o aniversário de D. Pedro I, o primeiro imperador do Brasil. Neste contexto, a adesão do Pará à Independência tinha ocorrido em 15 de agosto de 1823. E, durante a comemoração do aniversário do imperador, foi entregue para o presidente da província, que tinha sido empossado no dia 15 de agosto, um abaixo assinado de 400 pessoas.A maioria era de negros, mestiços e mulatos, que estavam reivindicando a equiparação salarial de soldados, uma vez que os natos recebiam menos que os soldados portugueses. “Eles estavam reivindicando equiparação salarial, os soldos atrasados e que os seus comandantes, que eram portugueses antes da adesão, fossem trocados por brasileiros, porque eles tinham muitas reclamações”, disse.“Dessa reivindicação, desdobrou-se em distúrbios na cidade. Um representante das tropas imperiais, que tinha chegado em Belém, entra na cidade e chega a prender 253 pessoas num porão de um navio, que depois ficou conhecido como Brigue Palhaço. No dia 20 de outubro abriram o porão e foram perceber que 252 estavam mortos”, explica.
Fonte: DOL – Diário Online – Portal de NotÍcias
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