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Projeto Carroceiro realiza ação gratuita em Ananindeua
Consultas, curativos, exames e aplicação de medicamentos em cavalos, burros e jumentos utilizados por carroceiros no município de Ananindeua, região metropolitana de Belém. Esses são alguns dos procedimentos clínicos gerais que serão oferecidos gratuitamente neste sábado (25) durante mais uma ação itinerante do Projeto Carroceiro, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). Os atendimentos vão ocorrer das 8h às 16h, na Travessa Pará, 460, Parque Anne, bairro de Águas Lindas.
Segundo o coordenador do projeto, professor Djacy Ribeiro, a expectativa é atender em torno de 80 animais, especialmente os que estão nos bairros de Águas Lindas, Águas Claras, Águas Brancas e Aurá.
“Já fizemos várias ações nesse local porque há muitos animais, principalmente por conta do lixão, os catadores utilizam esses animais durante o serviço e não há alí nenhuma assistência ou atendimento médico veterinário”, diz.
Segundo o coordenador, de modo geral, os animais utilizados como trabalho de tração sofrem maus tratos, só por estarem levando uma carroça. “Não são animais com aptidão física para esse serviço, muitas vezes o peso da própria carroça já é o máximo que eles podem carregar”, diz. O professor explica que normalmente os animais atendidos pelo projeto tem problema locomotor, por conta do peso das carroças, construídas de forma rudimentar. “Os animais ficam com muitas escoriações, sofrem muitos acidentes. Também não possuem alimentação adequada ou suplementação, por isso são muito magros”, diz.
Embora não existam dados atualizados sobre a quantidade de equinos utilizados como tração animal na região metropolitana, o coordenador estima que sejam em torno de dois mil animais.
“É um número que vem reduzindo, também por pressão nossa, dos órgãos de fiscalização e da mídia. Nós temos notado que devido nossa atuação, essas ações itinerantes, cursos e conversas com a comunidade sobre o que são maus tratos, essa situação vem diminuindo, eles vem buscando outras fontes de renda, mas ainda é uma situação grave”, acredita.
Atualmente a sede do projeto, em Belém, está lotada, com seis animais internados, vítimas de maus tratos. “São animais que chegaram em situações graves de violência, que precisam de manutenção e cuidados. Estamos lotados e ainda há animais aguardando internação”, lamenta.
Em 2023 o projeto Carroceiro completou 20 anos de atuação contra maus tratos a equinos. O projeto não realiza o resgate de animais, mas faz o atendimento e reabilitação dos animais encaminhados à universidade, tanto pelos próprios carroceiros, quanto por órgãos de fiscalização, além de realizar ações itinerantes pelo Pará.
No projeto, há o serviço de checkup, em que o Carroceiro pode levar o animal sempre que precisar. “Nós realizamos o atendimento médico veterinário, se for necessário fazer exames ou medicação nós fazemos e assim esse carroceiro pode manter a saúde do animal gratuitamente, evitando e prevenindo problemas”, explica o coordenador.
O município de Ananindeua possui uma Lei contra maus tratos de animais, a Lei Nº 3.070, de 21 de Maio de 2020. E uma Lei específica contra tração animal no perímetro urbano, a Lei n° 057/2021 de 24 de agosto de 2021.
Em Belém, a lei mais antiga que regulamenta o serviço de tração animal é a Lei 8.168/2002. Em 2018 a Lei nº 9411/2018 instituiu o programa de redução gradativa do número de veículos de tração animal que circulam no trânsito em áreas urbanas. Ela foi alterada pela Lei Nº 9728 DE 27/12/2021, que institui o prazo de cinco anos para a total extinção do trabalho de tração animal na capital paraense.
Além da legislação, o professor acredita que uma das alternativas para melhorar esse cenário seria que os governos oferecessem outras formas de financiamento ou projetos para desenvolverem as aptidões desses trabalhadores. “Há algumas propostas e alternativas que o poder público pode avaliar para mudar essa situação, entre elas estão os cursos profissionalizantes aos carroceiros, financiamentos. Há também o carro de lata, já utilizado em várias regiões do país, que a força motriz é o homem, não o animal. É uma alternativa que vem dando certo e pode ser copiada”, diz.
Fonte: DOL – Diário Online – Portal de NotÍcias
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