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Policial que matou colegas em delegacia diz ter sido vítima de perseguição e assédio

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Durante a audiência de custódia realizada na última segunda-feira, 15, em Sobral, no Ceará, o policial Antônio Alves Dourado, preso por matar quatro colegas de trabalho no último domingo, 14, conta que sofreu perseguição e assédio nas delegacias em que trabalhou nos últimos anos. As declarações aconteceram por conceção do juiz depois do apelo do advogado: “Apesar de não ter nada a ver com os limites da audiência de custódia, se for o caso, que se permita o desabafo dele“.

Antônio Alves Dourado, conhecido como inspetor Dourado, relata que já trabalhava na Polícia Civil há 12 anos e que há 9 já atuava como plantonista. Neste tempo, ele descreve que foi submetido a condições abusivas de trabalho na Delegacia Regional de Camocim, tendo tomado uma atitude a respeito desse problema ainda em 2013, chegando a denuniciar aos jornais locais as condições que passava:

“Eu já me deparei com o absurdo de colocar um inspetor sozinho no plantão para custodiar preso, conduzir preso para exame de corpo de delito… Eu e mais dois policiais entramos com pedido para que fosse revista essa situação. Tivemos êxito. Procuramos os jornais, fizemos denúncia, os jornais foram na delegacia e fizeram a matéria e, como punição, ficamos com o expediente de quarta a domingo, de quinta a segunda e de sexta a terça. Seis meses sem ter finais de semana com a família. Isso foi em 2013, só foi sanado depois de 6 meses, quando teve um anotificação da CGP exigindo explicações do delegado e uma orientação da associação de delegados que ele pedisse aprosentadoria compulsória – foi então que acabou. Mas antes de sair ele deixou um delegado, dr. Erbert, para dar continuidade aos assédios e aos absurdos“.

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O inspetor Dourado chega a comentar que outro inspetor da delegacia de Camocim chegou a pedir exoneração devido ao sofrimento. Quanto a ele próprio, ele relata que precisou fazer um Boletim de Ocorrência para denunciar novamente os abusos, momento em que recebeu outra repreenda:

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“Fui obrigado pelo delegado a sair da delegacia a gritos e fui transferido para a Delegacia de Granja, a 30km, mas não fui por satisfeito. Meses depois a delegada de Granja chegou pra mim e disse que eu ia pegar a viatura, mais um policial militar, e fazer as notificações e as demais diligências. Eu falei pra ela que tinha três inspetores, que ela poderia ceder um, ficando dois na viatura fazendo o serviço. Ela disse ‘ou você faz dessa maneira ou você vai fazer boletim de ocorrência‘ – o mesmo assédio”, relata o policial.

Ainda durante o relato, Dourado conta que se negou ao novo regime de trabalho, o que causou uma nova transferência, sendo enviado para Jijoca, município onde trabalhou por um ano e meio e onde suas condições teriam se agravado ainda mais, tendo que sair, no fim do turno, e pegar carona para chegar em casa, sem tempo para convívio familiar:

“Chegava 20h, sem direito a convívio com filhos, ficando só uma hora com eles porque eles tinham que dormir cedo. Não acompanhei o crescimento deles”.

Depois desse período em Jijoca, Dourado diz que voltou a ser transferido para Camocim, onde continuou a ser perseguido por dois superiores que ele menciona como sendo “doutor Erbert e doutor Adriano”. Neste momento, a fala de Dourado é interrompida por outra pessoa na audiência devido ao risco de suas acusações e ao assunto estar muito fora dos limites da audiência de custódia.

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Dourado segue preso no quartel da Polícia Militar de Sobral pela morte dos escrivães Antonio Claudio dos Santos, Antonio Jose Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira, juntamente com o inspetor Gabriel de Souza Ferreira, segundo informações da Polícia Civil.

Fonte: Polícia – OLiberal.com 

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