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Encontro na Amazônia: Lula e Macron protagonizam momento peculiar
Uma série de fotos do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva com o mandatário francês Emmanuel Macron na visita dele ao Brasil rodou o mundo nesta semana — e gerou uma porção de memes. As imagens mostram Lula e Macron sorridentes, e em algumas delas de mãos dadas, em meio ao cenário idílico da Amazônia.
Muito em função da beleza da floresta amazônica, e da felicidade expressa no semblante dos dois, houve quem comparasse as imagens com as de álbuns de encomendados por casais às vésperas do casamento ou do nascimento de um bebê.
Na noite de quinta-feira, 28, até mesmo os perfis oficiais de Lula e Macron no Instagram se renderam à galhofa. Ambos compartilharam uma montagem da imagem dos dois na Amazônia com a do cartaz do filme La La Land, um musical pra lá de romântico lançado em 2016 e vencedor de seis Oscars no ano seguinte.
Em português, a legenda da publicação de Macron respondeu diretamente às brincadeiras: “Algumas pessoas compararam as imagens da minha visita ao Brasil com as de um casamento”, escreveu o presidente francês. “(…) e eu digo a elas: foi um casamento! A França ama o Brasil e o Brasil ama a França!”
O que está ao redor das fotos de Lula e Macron
As imagens que renderam os memes foram tiradas na ilha do Combú, uma destino turístico nos arredores de Belém do Pará com uma história exemplar de empreendedorismo sustentável. A 15 minutos de barco da capital paraense, a ilha é conhecida pelos locais em função dos restaurantes de comida típica e pelos igarapés onde é possível tomar um banho de rio para aliviar o calorão equatorial.
O cenário da visita presidencial foi a fábrica de chocolates artesanais Filha do Combú, uma das principais atrações turísticas da ilha. Não à toa, o local foi a única parada da comitiva de Macron em Belém na última terça-feira, 26.
Após duas horas de cerimônia na floresta, ao lado do presidente Lula e de lideranças indígenas como o cacique Raoni, onde anunciaram o plano de arrecadar 5 bilhões de reais para a preservação da Amazônia, Macron tomou o avião rumo ao Rio de Janeiro para inaugurar o submarino Tonelero no dia seguinte.
Na Filha do Combú, é possível ver o processo de colheita, secagem e processamento do cacau colhido nos arredores da fábrica. Ao final, o visitante pode experimentar (e comprar) um chocolate local, com altíssimo teor de cacau.
A fábrica está rodeada de mata. Um dos pontos altos da visita ao local é uma sumaúma de 280 anos, com quase 50 metros de altura e tronco com mais de dois metros de diâmetro. Por vezes comparada à sequoia, mega árvore típica do Hemisfério Norte, a sumaúma é fundamental para os cacaueiros do local: ela fornece a sombra necessária para o florescimento do cacau. Nesta semana, a sumaúma serviu de fundo para boa parte das fotos tiradas de Lula e de Macron no Combú.
Quem são os empreendedores da Filha do Combú
A visita presidencial ao local deve muito ao esforço dos empreendedores Izete dos Santos Costa, a popular Dona Nena, e Mário Carvalho, responsáveis pela fábrica de chocolates e pelo negócio de turismo sustentável ao redor do cacau. Dona Nena é a responsável pela produção dos chocolates. Carvalho, pelas embalagens elegantes da produção local, pela logística de visitação ao local e, sobretudo, pela profissionalização das empresas.
Até meados de 2010, Dona Nena tirava sustento com a venda de açaí e outros frutos típicos em feiras em Belém. Na época, o consumo do açaí tinha recém virado moda fora do Pará. O sucesso causava um problema ambiental no Combú: a ilha estava recebendo novos moradores interessados em derrubar a mata para plantar a palmeira do açaí.
A mudança no ecossistema enfraqueceu o solo, causando erosão e a queda na produtividade da agricultura local. Para piorar, a maioria dos ribeirinhos operava de maneira informal e dependiam de ribeirinhos para escoar a produção.