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Drogas: Proibição do uso e repressão geram custo de R$ 50 bi

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O Brasil perde, no mínimo, R$ 50 bilhões por ano
com a combinação entre proibição do uso de drogas e repressão ao tráfico. Além
disso, cada brasileiro tem uma redução de 4,2 meses na sua expectativa de vida
ao nascer por causa dos efeitos da principal política de segurança pública do
país.
A soma de todo o tempo de vida perdido devido a
homicídios relacionados a drogas chega a 1,14 milhão de anos. Os dados,
referentes a 2017, fazem parte de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), apresentado na tarde de quinta (22) no Fórum de
Segurança Pública.
A publicação preliminar trata dos efeitos da guerra
às drogas nas vidas e nos recursos brasileiros. A ideia é contar os prejuízos assim
como se faz com o impacto dos acidentes de trânsito no sistema de saúde, por
exemplo.
Pesquisador do Ipea responsável pelo estudo e
conselheiro do Fórum, Daniel Cerqueira afirma que a guerra às drogas não reduz
a criminalidade, desequilibra famílias e comunidades e faz com que se deixe de
gastar em políticas mais eficientes.
“É como se cada brasileiro pagasse um imposto
de R$ 269 por ano da guerra às drogas. É irracionalidade do ponto de vista
humano e econômico”, afirma Cerqueira.
Para ele, a violência está ligada justamente à
proibição. “É o que chamamos de fatores sistêmicos: se a droga fosse
legalizada, esses efeitos teriam dimensão muito menor.”
A pesquisa calculou as mortes violentas
intencionais associados a drogas em 2017 com base em estudos do Instituto de
Segurança Pública do Rio de Janeiro, que observaram boletins de ocorrência, e
em dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
Na região metropolitana do Rio de Janeiro, 46,6%
das mortes intencionais são relacionados a questões de drogas. No estado de São
Paulo, o índice chega a 27,7%.
Considerando o total de homicídios atribuídos à
questão das drogas, no país a perda de expectativa ao nascer foi estimada em
4,2 meses. Quando observado só o Rio de Janeiro, a redução é ainda maior 7,4 meses.
No estudo, ressalta-se que esses números poderiam
ser ainda maiores, se feito o recorte por gênero, uma vez que a maioria das
vítimas no país são homens.
Já os valores estimados da perda de dinheiro,
segundo o pesquisador, abrangem, por exemplo, a estimativa de renda que a
pessoa teria ao longo da vida
Defensor das políticas de redução de danos,
Cerqueira afirma que as drogas geram problemas para os usuários e suas
famílias, mas que o caminho de tratamento é pela saúde.
“Se formos comparar os efeitos, é muito mais
gente que morre pelo proibicionismo do que pela droga em si”, afirmou.
Para Dudu Ribeiro, diretor-executivo da Iniciativa
Negra por uma Nova Política sobre Drogas, o centro da discussão é o componente
racial. Segundo ele, as políticas de drogas estão mais ligadas a controle e
poder sobre minorias, como a população negra, do que a uma relação de custo e
benefício real para a sociedade.
“Quando olhamos a guerra às drogas a partir da
ciência, enxergamos o quanto é irracional. É uma pirâmide de certezas que não
são verificáveis cientificamente”, afirmou.
Para ele, é preciso refinar a linguagem para
comunicar achados como o do estudo. “Nossos termos são racializados.
Quando falamos traficante, temos a imagem do jovem, menino, negro, sem camisa e
portando um fuzil.”

Fonte: DOL – Diário Online – Portal de NotÍcias 

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